Concebido por Affonso Eduardo Reidy, o conjunto habitacional Pedregulho, em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro, é um grande momento da arquitetura brasileira. Sua construção foi acompanhada pelo fotógrafo Marcel Gautherot (1910-1996), que tinha na arquitetura um de seus temas favoritos – dentre os muitos a que se dedicou na vida, sempre com excelência. “Uma pessoa que não entende de arquitetura não é capaz de fazer uma boa foto”, radicalizava ele. O acervo do francês que se radicou no Brasil se encontra no IMS.

Foi lançado em agosto Pedregulho – O sonho pioneiro da habitação popular no Brasil (Edições de Janeiro), livro do arquiteto Alfredo Britto e com textos também da arquiteta Flávia Brito do Nascimento e do jornalista Renato Lemos. Fotos feitas por Gautherot estão entre as que ilustram a história do edifício. Algumas delas reproduzimos nesta página.

O Pedregulho teve inauguração parcial em 1950, e as obras se estenderam até a década de 1960. O complexo conta com painéis de Candido Portinari e projeto paisagístico de Burle Marx. Era um conceito de habitação popular com bem-estar e maior proximidade dos locais de trabalho. No início dos anos 1960, o então governador Carlos Lacerda desmontou o Departamento de Habitação Popular e priorizou, no Rio de Janeiro, os conjuntos habitacionais em bairros distantes. Estes acabaram favelizados, como Cidade de Deus e Vila Kennedy.

O desinteresse do poder público pelo Pedregulho contribuiu para a sua descaracterização. Nos últimos anos, após o tombamento pelo patrimônio estadual, iniciou-se um processo de recuperação do plano original de Reidy. Esse trabalho já está praticamente concluído, como o livro mostra em fotos feitas neste ano por Cesar Barreto e Felipe Varanda.

 

Veja algumas das fotos feitas em torno de 1951 por Marcel Gautherot durante a construção do Pedregulho.

 

 

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